sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sophia de Mello Breyner Andresen



Completam-se hoje seis anos sobre a morte de Sophia de Mello Breyner Andresen uma das maiores poetisas portuguesas contemporâneas .
Nascida no Porto, a 6 de Novembro1919, no seio de uma família aristocrática, veio a falecer em Lisboa , a 2 de Julho de 2004,onde se fixou após o casamento com o advogado e jornalista Francisco Sousa Tavares. Dedicando-se sobretudo à poesia nunca descurou a sua actividade cívica, tendo erguido sempre a sua voz pela Liberdade durante a conturbada e longa noite fascista.
Foi sócia fundadora da "Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos"e a sua intervenção cívica foi uma constante, mesmo após a Revolução de Abril de 1974, tendo sido Deputada à Assembleia Constituinte pelo Partido Socialista.
A linguagem poética de Sophia de Mello Breyner é perpassada por uma sólida cultura clássica assim como por uma pureza e uma transparência profundas da palavra na sua relação com o meio que a rodeou.
Além da obra poética, deixou-nos uma obra importante para crianças que, inicialmente destinada aos seus cinco filhos, rapidamente marcou sucessivas gerações de jovens leitores com títulos como "O Rapaz de Bronze", "A Fada Oriana","A Menina do Mar",...



Um dia

Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.

O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.

Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.

Sophia de Mello Breyner

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