terça-feira, 6 de julho de 2010
Matilde Rosa Araújo
Matilde Rosa Araújo nasceu em Lisboa em 1921. Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Foi professora do Ensino Técnico Profissional em Lisboa e noutras cidades do País, assim como professora do primeiro Curso de Literatura para a Infância, na Escola do Magistério Primário de Lisboa. Como professora do Ensino Técnico Profissional efectivou-se na cidade do Porto.
Autora de livros de contos e poesia para o mundo adulto e de mais de duas dezenas de livros de contos e poesia para crianças, dedicou-se, ao longo da sua vida, aos problemas da criança e à defesa dos seus direitos.
São de sua autoria alguns volumes sobre a importância da infância na criação literária para adultos e sobre a importância da Literatura Infanto-Juvenil na formação da criança e na educação do sentimento poético como raiz pedagógica de valia.
Recebeu os seguintes prémios no domínio de Literatura para a Infância: Grande Prémio de Literatura para Criança da Fundação Calouste Gulbenkian ex-aequo com Ricardo Alberty, em 1980; Prémio atribuído pela primeira vez, para o melhor livro estrangeiro (novela O Palhaço Verde), pela associação Paulista de Críticos de Arte de São Paulo, Brasil, em 1991; Prémio para o melhor livro para a Infância publicado no biénio 1994-1995, pelo livro de poemas Fadas Verdes, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian, em 1996.
Deixou-nos hoje mas ficará inesquecível na mente de muitas crianças e adultos que leram as suas obras com o mesmo prazer com que ela as escreveu.
BANDO DOS GAMBOZINOS
Menina dos olhos doces
adormece ao meu cantar:
Tenho menina de trapos,
Tenho uma voz de luar...
Os meus braços são a lua
quando ela é quarto crescente:
dorme menina de trapos,
meu pedacinho de gente.
Matilde de Araújo
"O Palhaço Verde"
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Sophia de Mello Breyner Andresen
Completam-se hoje seis anos sobre a morte de Sophia de Mello Breyner Andresen uma das maiores poetisas portuguesas contemporâneas .
Nascida no Porto, a 6 de Novembro1919, no seio de uma família aristocrática, veio a falecer em Lisboa , a 2 de Julho de 2004,onde se fixou após o casamento com o advogado e jornalista Francisco Sousa Tavares. Dedicando-se sobretudo à poesia nunca descurou a sua actividade cívica, tendo erguido sempre a sua voz pela Liberdade durante a conturbada e longa noite fascista.
Foi sócia fundadora da "Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos"e a sua intervenção cívica foi uma constante, mesmo após a Revolução de Abril de 1974, tendo sido Deputada à Assembleia Constituinte pelo Partido Socialista.
A linguagem poética de Sophia de Mello Breyner é perpassada por uma sólida cultura clássica assim como por uma pureza e uma transparência profundas da palavra na sua relação com o meio que a rodeou.
Além da obra poética, deixou-nos uma obra importante para crianças que, inicialmente destinada aos seus cinco filhos, rapidamente marcou sucessivas gerações de jovens leitores com títulos como "O Rapaz de Bronze", "A Fada Oriana","A Menina do Mar",...
Nascida no Porto, a 6 de Novembro1919, no seio de uma família aristocrática, veio a falecer em Lisboa , a 2 de Julho de 2004,onde se fixou após o casamento com o advogado e jornalista Francisco Sousa Tavares. Dedicando-se sobretudo à poesia nunca descurou a sua actividade cívica, tendo erguido sempre a sua voz pela Liberdade durante a conturbada e longa noite fascista.
Foi sócia fundadora da "Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos"e a sua intervenção cívica foi uma constante, mesmo após a Revolução de Abril de 1974, tendo sido Deputada à Assembleia Constituinte pelo Partido Socialista.
A linguagem poética de Sophia de Mello Breyner é perpassada por uma sólida cultura clássica assim como por uma pureza e uma transparência profundas da palavra na sua relação com o meio que a rodeou.
Além da obra poética, deixou-nos uma obra importante para crianças que, inicialmente destinada aos seus cinco filhos, rapidamente marcou sucessivas gerações de jovens leitores com títulos como "O Rapaz de Bronze", "A Fada Oriana","A Menina do Mar",...
Um dia
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.
Sophia de Mello Breyner
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